16 junho 2009

Duo Caramuru/Baldanza - Bossa In The Shadows (2007)

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Duo Caramuru/BaldanzaPaulistano, Fábio Caramuru se iniciou na música pelo piano, estudou todo o repertório, do tradicional ao contemporâneo, se aperfeiçoou com Magda Tagliaferro. Já Pedro Baldanza aprendeu a tocar violão, guitarra e baixo “na marra”, ainda no interior do Rio Grande do Sul, começando cedo uma carreira que anos depois o levaria a se apresentar ao lado de Gal Costa, Elis Regina, Ney Matogrosso. Talvez por tudo isso soe estranho à primeira vista que os dois tenham se reunido, levando a amizade à colaboração nos palcos, desenvolvendo um trabalho interessante, que resulta agora no CD Bossa in the Shadows (selo Labors).

É o próprio Caramuru que, conversando com o Estado, ressalta a diferença na formação dos dois. E, se ele faz isso, é porque de certa forma é essa diferença - ou a busca pelo diálogo e a aproximação - que está no cerne do disco, que traz composições criadas da colaboração dos dois músicos e que conversam com um rico universo, de Duke Ellington a Inezita Barroso, passando por Villa-Lobos, Thelonious Monk ou Camargo Guarnieri. “Quando nos conhecemos, houve uma empatia imediata. O mundo musical de Baldanza me atraiu muito e vice-versa. Ele estabelece uma rica condução, um terreno fértil para que eu possa me libertar do rigor da música erudita. Do meu lado, posso ampliar suas referências a partir de minha formação erudita. Nessa dinâmica, há uma rica troca de signos entre esses dois mundos musicais tão distintos. O resultado é que conseguimos prescindir de clichês. Arrisco-me a dizer, até mesmo, que o nosso procedimento composicional se aproxima muito mais do rock progressivo que do jazz, que é normalmente atrelado a padrões mais previsíveis e decifráveis”, diz Caramuru.

É possível articular diferentes leituras a partir do trabalho do duo Caramuru/Baldanza. A mais evidente talvez seja aquela que insere o disco em uma linhagem antiga, bastante característica da música brasileira, que é a interseção constante e espontânea entre o clássico e popular. Villa-Lobos, Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Guarnieri, Tom Jobim são apenas alguns dos nomes que transitaram entre esses dois mundos - e, não por acaso, Bossa in the Shadows ecoa muito do trabalho deles, dando uma unidade às faixas. “Acho sim que há um elemento que unifica o disco. Trata-se da nossa poética, representada pelo livre exercício da imaginação musical. Se analisarmos mais objetivamente, acredito que um dos aspectos mais marcantes seja a presença da politonalidade. Eu diria ainda que nosso tecido musical se fundamenta quase sempre em estruturas de contraponto, forte influência de Guarnieri. Exploramos muito também os silêncios, o que torna nossa música assimétrica e a faz respirar. Como pianista, sou particularmente fascinado pelos baixos. Isso pode ser facilmente percebido em muitas das faixas do CD. Em alguns momentos, praticamente não se distingue o piano do baixo de Baldanza, pois eles se fundem completamente. Uma particularidade do Pedro é a sua capacidade de reproduzir inúmeros timbres, do mais delicado ao percussivo, sendo que esse fator é decisivo para a riqueza de nosso timbre. Acho importante também mencionar que ensaiamos semanalmente, fazendo questão de não nos atrelar a um roteiro preestabelecido. Nessas ocasiões, e também nos concertos ao vivo e nas gravações, procuramos fazer com que a música brote diretamente de nossa percepção conjunta do momento que estamos vivenciando, buscando sempre um canal direto com o momento presente”, diz Caramuru.

João Luiz Sampaio - extraído do jornal O Estado de S. Paulo
Para mais informação, visite o Duo Caramuru/Baldanza no Conexão Vivo

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Duo Caramuru/BaldanzaAnything, and I mean anything recorded by Brazilian pianist and composer Fabio Caramuru is a treat. Team him with bass guitarist Pedro Baldanza and it's going to be a good time. This Sao Paolo based duo blends Brazilian Classical and popular musical styles to create musical magic, and also interpret songs from Brazilian and North American artists along the way. Drawing on American Jazz traditions and styles, Duo Caramuru/Baldanza add in dashes of Brazilian musical culture to create a sound that is both foreign and familiar; familiar yet new.

One of the reasons that Brazilian Jazz draws so many devotees is that there is still a view of Jazz as an art form instead of platform in Brazil. The focus here is still on making great music, rather than seeing how many notes an instrumentalist can fit into a run. There is an understanding that there are times for such polyphonic spree, but also times when more said when less is spoken. Fabio Caramuru is a master at knowing what to say with his piano, and when to say it. He understands when a moment of silence is more musical than any notes he might choose to play, and Pedro Baldanza is the ultimate foil to Caramuru's artistry. Bossa In The Shadows is an on-going discussion between these two great artists that should have tongues wagging from New Orleans to New York to wherever Jazz finds a home.

There are too many highlights - passages even, to mention specific songs or moments. If you are an aficionado of great jazz, or if you are a neophyte who wants to experience and understand the artistry of the form, then Bossa In The Shadows is essential listening for you.

Extracted from Wildy's World
For more info, visit Duo Caramuru/Baldanza's site

01 junho 2009

The Jordans - A Vida Sorri Assim!... (1962)

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The JordansEm 1955, os jovens Romeu Mantovani Sobrinho (Aladim) e Olímpio Sinval Drago (Sinval) aprenderam a tocar guitarra juntos. Em 1958, sobre a influência do Elvis Presley, o grupo The Jordanaires convidaram um amigo (Português) para tocar bateria. Começaram a tocar rock em 1961, em uma transmissão da Rádio Nacional de São Paulo, com a participação do DJ Antônio Aguillar, e começaram o programa Ritmos para a Juventude, todos os sábados a tarde. Uma nova geração de músicos e cantores foram revelados, como Waldemar Botelho Jr. (Foguinho), que foi chamado no lugar do Português, mas ficou nervoso durante a transmissão e acabou saindo do ritmo. Foguinho então começou a estudar música em sua casa e aprendeu sozinho, escutando Elvis, Little Richards, Cliff Richard, Johny Holliday e também os grupos The Shadows, The Ventures, Les Fantômes.

Depois de duas semanas, os Jordans convidaram José de Andrade (Toni) para tocar baixo e depois Irupê Teixeira Rodrigues para tocar saxofone. Com esta formação os Jordans gravaram pela Copacabana Discos o seu 1º disco - "A Vida Sorri Assim", em 1962.

Foram contratados por vários cantores para sessões em estúdio. Em 1963 gravaram "Suspense", o segundo álbum, e a canção "Blue Star" ficou seis meses nas paradas de todo Brasil. Em 1964, terceiro disco, "Surfin' with The Jordans", uma celebração da surf music. Os Jordans assinaram com a TV Record (São Paulo) para fazerem vários programas. Em 1965 lançaram o quarto disco, "Os Alucinantes The Jordans".

Nessa época, foram também convidados para fazerem um programa com Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia, "Jovem Guarda".

Em 1966, o disco "Studio 17", com a canção "Tema de Lara" (filme Dr. Jivago) foi campeão de vendas. Em 1996, também receberam o prêmio Roquete Pinto, o maior do Brasil, pelo seu trabalho de música instrumental. Em 1967, o disco "Edição Extra", com a canção "Midnight Moscow", foi muito bem aceita nas paradas de sucesso. Em outubro/novembro, os Jordans foram tocar na Itália e depois em Londres onde encontraram os Beatles. Foguinho então ensinou Ringo Star a tocar samba na bateria. Entre 1968, 69 e 70, os Jordans gravaram os discos "Edição Extra". Em 1970 gravaram o último disco, "The Jordans", mas tocaram até 1973. Foguinho tinha uma bateria Ludwig, que vendeu para seu primo e virou fabricante de óculos, Toni seguiu no piano, Sinval abriu uma churrascaria, Aladin foi trabalhar com frigorífico e Irupê virou maestro da banda Raça Negra até os dias de hoje. Em 1993, o Mingo, um amigo nosso da banda Os Incríveis, conseguiu juntar quase todos os músicos e cantores(as) da Jovem Guarda que fizeram um show na televisão Gazeta, canal 11 de SP.

Os Jordans compraram novos instrumentos, bateria, guitarra, e se encontraram novamente em estúdio fascinados pela nova tecnologia. Gravaram vários CD's como "Geração Surf", e depois, em 2006 gravaram "Studio 5" e o DVD que conta a história da banda. Em março de 2007, os Jordans fizeram shows com Prini Lores, Wanderlei Cardoso, Carlos Gonzaga, Ari Sanchez, Martinha, Vanuza e Renato e Seus Blue Caps. Apesar de estar em 2007, estou sempre escutando as músicas dos anos 60, porque as considero mais bonitas e com mais harmonias. Eu tenho um Karman Ghia vermelho, carro esportivo produzido em 1968 pela Volks.

Foguinho - extraído do site NoCabo.com

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The JordansFormed in the pre-Jovem Guarda times, in 1956, with other groups that would only find success in the '60s like the Golden Boys and Renato e Seus Blue Caps, the instrumental group the Jordans, like the Jet Black's, Os Incríveis, the Fellows, the Avalons, and others, were influenced by the Shadows and the Ventures. Their greatest difference, though, was their own understanding of the revolutionary character of English rock, which brought them the idea of using instruments like the balalaika, the mandolin, the bandola, the clavichord, the vibraphone, and the Portuguese guitar, when the most fashionable instruments of that period in Brazil were the electric ones, notably the bass and the guitar. Their first TV performance was in 1958 on a TV Record show hosted by Tony Campelo and Celly Campelo. Their first single, Boudah, was launched in 1961. Manito and Mingo, who later would form the Clevers, were revealed in the Jordans. In 1964, the group had a hit with "Blue Star" (Victor Young) and two years later another one with "Lara's Theme" (Maurice Jarre). In 1965, they toured Europe, performing in France, Belgium, Holland, Luxembourg, Italy, Yugoslavia, and Sweden. Returning to Brazil, they were invited to participate in the TV show Jovem Guarda, the most important of that movement. Soon after Aladdin's departure in 1968, the group was dissolved. In 1995, Aladdin, Sinval, Tony, Foguinho, and Manito teamed together to realize the album Bons Tempos, continuing to perform and record.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide

30 abril 2009

Gilson Peranzzetta - Canção da Lua (2000)

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Gilson PeranzzettaGilson Peranzzetta, que é pianista, maestro e compositor, nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Como sua família era de músicos, começou a tocar acordeom e piano na infância, tendo feito suas primeiras composições aos 15 anos. Formado pelo Conservatório Brasileiro de Música, alia a técnica erudita ao jazz, atuando como compositor, pianista, arranjador e orquestrador ao lado dos maiores nomes da música brasileira.

Nos anos 60 integrou o grupo Tema Três, tocou com o cantor Taiguara e com o conjunto Central do Brasil, com quem viajou à Europa. Trabalhou durante muitos anos ao lado de Ivan Lins, como tecladista e arranjador.

Como compositor, teve músicas gravadas por Djavan, Edu Lobo, Leny Andrade, Sarah Vaughan, George Benson, Dianne Schurr, Quincy Jones, Toots Thielmans, Shirley Horn e outros, excursionando ao Japão, Europa e Estados Unidos para divulgar seu trabalho.

Como solista gravou 25 discos desde 1967. Trabalha também com música erudita, tendo apresentado em 1997 as suítes "Miragem", para piano e orquestra, e "Metamorfose", para piano e quarteto de cordas. Recentemente criou sua própria gravadora, a Marari Discos.

Extraído do site Clube de Jazz
Para mais informação, visite o site do Gilson Peranzzetta

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David ChewOne of the most requested contemporary arrangers and pianists of MPB, Gilson Peranzzetta has had classical training since he was a child, also being heavily influenced by jazz and Brazilian instrumental music. As a composer, he has had his songs recorded by Djavan, Edu Lobo, Leny Andrade, Sarah Vaughan, George Benson, Dianne Schurr, Quincy Jones, Toots Thielemans, Shirley Horn, and other artists. He has been touring extensively through the U.S., Europe, and Japan. His classical compositions include the suites "Miragem" (for piano and orchestra) and "Metamorfose" (for piano and string quartet).

In the '60s, Peranzzetta was a member of the group Tema Três, also playing with Taiguara. He toured Europe with the group Central do Brasil, and became Ivan Lins' arranger and pianist for several years. His longtime affinity for guitarist Sebastião Tapajós yielded the most interesting album in duo with him, Afinidades.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide
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28 abril 2009

Eumir Deodato - Percepção (1972)

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Eumir DeodatoEumir Deodato baixou em Pernambuco, onde tocou pela primeira vez, depois de passar por Riga, na Latvia ("Um paisinho entre Estônia e Lituânia, onde estão as mulheres mais bonitas do mundo. Eu confirmei isso. Achei umas feias, mas comprei passagem de avião para elas") e por Baku, no Azerbaijão (onde descobriu o túmulo de famoso personagem de sua música, Zaratustra, ou Zoroastro). Depois de muito tempo apenas como um mago dos estúdios, aos 65 anos voltou com tudo à carreira de instrumentista, e seu show é superfunky, ultra-suingado, cheio de groove.

"Resolvi, de uns 5, 6 anos para cá, aceitar convites para tocar. Geralmente, o maior trabalho que eu tinha era ir ao banco depositar os meus cheques", ele diz. Segundo Eumir, o sucesso de arranjos como o das músicas Celebration e Too Hot, do Kool and the Gang, ainda rende um bocado.

Mas o germe do performer venceu, e ele está de novo no palco. O responsável por dar um empurrão no Eumir tecladista foi Charlie Carlini, diretor das casas Blue Note de Nova York e de outros países do planeta. "Ele implorou para que eu tocasse na Blue Note de Bolonha", contou.

Uma vez, Miles Davis se apoderou de umas composições do Hermeto Pascoal, como Igrejinha, e só foi dar o crédito na Justiça. Isso aconteceu muito nos Estados Unidos?
Muito. Eu evitei um problema desse. Foi com a música do Toninho Horta, Beijo Partido, que foi gravada pelo Earth, Wind & Fire num disco para o qual eu fiz arranjos. Deram outro título no disco (Brazilian Rhyme), e eles não queriam dizer que a música era do Toninho Horta. Não era a música toda, era só a harmonia que eles usaram, e eles me disseram: "Mas ninguém sabe que é dele." E eu respondi: "Ninguém sabe, mas eu sei. O Maurice White me falou." Eles não queriam. E como esse disco vendeu milhões e milhões... Era o All?n All (1999), aquele que tem a pirâmide egípcia na capa. No fim deram (o crédito), mas deram errado. Tinha uma música do Milton Nascimento no disco (Ponta de Areia), então deram que era também do Milton. Deu mais confusão ainda.

Então essas parcerias têm dois lados?
Lógico que tem. O Stan Getz era um cara conhecido, meio apagadinho, e subiu no cavalo da bossa nova e começou a galopar. E deu certo. Aí, começou a trabalhar com a Astrud, com o João. E o Stan Getz começou logo a dar em cima da Astrud, era um malucão, não é?

Mas eles tiveram um caso?
Não sei se se pode chamar de caso. O que entendi é que ele tentou forçar alguma coisa com ela. Mas de qualquer modo eles se separaram, dizem que por conta disso. Eu sei lá.

Tem notícias da Astrud?
Sei que ela tá vivendo na Filadélfia com o filho, Anthony, que teve com o outro marido, o Mick Lasorsa. Foi o segundo marido da Astrud, do qual ela também se separou. Astrud sempre teve muito problema para cantar, ficava muito nervosa. Trabalhei muito com ela, foi uma das pessoas que mais me ajudaram nos Estados Unidos. Os outros foram Luiz Bonfá e Tom Jobim, meus três melhores amigos lá.

E o Moacir Santos? O sr. teve contato com ele?
Cheguei a vê-lo quando ele ainda estava em Nova York. Quando foi para Los Angeles, nunca mais tive contato. Não sei se se estabeleceu. Tem muita gente que nasceu nos Estados Unidos e nunca se estabeleceu. Eu achei que ele devia ter ficado em Nova York, eu o aconselhei. Mas tem muita gente que, quando dá aquele ventinho de novembro, todos vão para a Califórnia. Para ir ao churrasco do Sérgio Mendes. Porque a vida na Califórnia é assim, não é? Você acorda às 3 horas da tarde, vai na piscininha, toma um banhozinho. É fácil, toda casa tem. Sai, seca, senta ao telefone, mas aí já passou das 5 horas, não tem mais ninguém no escritório. Então, vai tentar descobrir onde é que é a feijoada hoje. Muita gente foi assim. Tiveram de voltar, porque o dinheiro acaba. A não ser que seja gente rica. Hábitos de trabalho e filosofia de vida. É isso que pode fazer vingar um músico nos Estados Unidos. Apareceu uma oportunidade de eu sair do Brasil e eu saí.

Quem tem vindo aqui é Dom Salvador. A vida dele não foi muito fácil nos Estados Unidos, foi?
Ele toca num clube, acho que perto da Ponte do Brooklyn. Um grande músico. E simpaticíssimo. Conheci ele aqui. Fazia coisas com Luis Fernando Freire. Até outro dia tava com ele numa festa, ele me apresentou a filha, a esposa. A questão não é só tocar bem ou não. Tem de ser muito disciplinado, muito organizado. O pessoal tá competindo. Quando você não é organizado, tem 20 caras ali. Lá a sobrevivência é muito difícil. É um campo agora muito machucado, por causa da queda da indústria musical. Não é que esteja ruim: acabou. Ninguém entendeu ainda. Para reexistir, vai ter de começar do zero e de outra maneira. Estive ontem com o chefão da EMI e a gente tava discutindo processos de como reativar a coisa. Continuamos a conversar. A partir do MySpace, como eu te disse. Tenho vários amigos na EMI. Conversamos sobre possibilidades, o que pode ser feito. Existe ainda a palavra disco? Tem o mesmo significado que antes? Não. Ninguém faz mais, grava direto no computador e põe na internet. Tem muita gente que vem me trazer um disco. "Posso te dar o meu disco?" Eu pego, o que fazer?

Como o sr. vê essa nova situação tecnológica?
Em Milão, toquei com um conjunto de sete músicos. Depois do show, vi que não só um, mas muitos pais vinham com o disco, e os filhos vinham com o CD. Aí eu olhava e perguntava: "Mas isso é meu?" Quase tudo é pirata. O menino dizia: "Meu pai me mostrou sua música e eu comprei esse. Eu adoro sua música." O que me mostrou várias coisas. Por exemplo: que não precisa ficar fazendo disco. Muito pelo contrário. Eu não consigo imaginar como é que vou tocar um show sem essas minhas músicas (Assim Falava Zaratustra, One Note Samba, Wave, Dindi, Whistlebump, Super Strut, Do It Again). Você faz um disco novo, e a maioria não o conhece, nem vai conhecer, porque não tem distribuição musical, a indústria do disco está morta. Outra vez. Há 20 anos eu já falava isso. E agora morreu de vez. Até encontrar outro caminho. As gravadoras sempre me pedem para fazer um disco, mas eu acho besteira fazer disco. Então meus discos são todos piratas, ou cópias, ou relançamentos ou compilações. A maioria, compilações piratas. No Brasil mesmo tem várias. Felizmente tô conseguindo reorganizar tudo isso. Tomei as rédeas, por exemplo, dos discos dos Catedráticos, conjunto que tive nos anos 60, um conjunto de estúdio. E eu acabei de licenciar. Por pouco que seja, já é alguma coisa. Aconteceu com uma companhia que se chama Atração. Refizeram todas as capas, ficou bonito. Isso aí pelo menos eu agora tenho controle.

O que pensa da comercialização de música pela internet?
Outro dia fui no iTunes e fiquei pasmo, tinha páginas com minhas músicas. Coisa que nem sei o que é. Aí vou escutar e ah! Eles botaram coisas que nem são minhas como artista, são de outros, eu fiz apenas a produção, ou botei arranjos, ou toquei. O problema dessas lojas virtuais é que quem ganha dinheiro são as companhias de cartões de crédito, os que estão vendendo. Não é o artista. Mas na internet tem coisas muito interessantes. O MySpace, por exemplo. Lancei minha página outro dia e já tenho lá 100 mil visitas. Amigos à beça. E eu me comunico. Não sei simplesmente botar no automático. As pessoas gostam disso. Tem gente aqui em Olinda que vai ao concerto, ao workshop. Como é que essa gente ia saber de mim? Eles sabem pelo MySpace.

Isso afeta o seu trabalho como produtor? Como arranjador?
Que trabalho como produtor? Não tem mais trabalho. Só se eu estiver enganando alguém. "Ô, eu faço arranjo para o seu disco!" Só se eu estiver mentindo. Selo não existe mais, só se for selo postal. Só o selo de lamber (risos). Mas tem gente que é safa, né? Aqui mesmo, o Menescal é um deles. Começou esse selo dele há anos e anos e foi acumulando um acervo. Isso aí vale muito dinheiro. A gente esqueceu um país que ainda faz isso seriamente que é o Japão. Eles gostam de colecionar, de comprar. Esses acervos assim, tipo o que o Menescal fez com o Albatroz, isso aí vale muito dinheiro. Mas ele é muito safo, sempre foi. Enquanto todo mundo fica pensando que ele está andando de barquinho, está lá no escritório dando telefonemas.

Qual é sua opinião sobre a comemoração dos 50 anos da bossa nova?
A bossa nova é só um gancho. Não sei se é 51, ou 49 e meio, ou 53 anos. A partir de quando existiu bossa nova? Do disco de João Gilberto? Começa ali? Johnny Alf era bossa nova? Porque ele já fazia coisas, não?

Quais foram seus projetos mais recentes como arranjador?
Quase tive um projeto com discos de Chet Baker. O Bruce Lundvall, cabeça da Blue Note, me mandou uma pilha de discos de Chet Baker, eu selecionei os que tinham possibilidades de eu fazer arranjos de cordas, um grupo de cordas pequeno. Porque naquela época que ele gravou não havia muita preocupação com afinação, com precisão de tempo. É um projeto difícil, eu teria de fazer os arranjos de acordo com a afinação daquele momento. Tinha muita coisa gravada ao vivo. Seria muito especial, mas aí, depois de tudo aprovado, tinha de ter a assinatura da viúva, que não aprovou. Não quer mexer no acervo de maneira nenhuma. Isso foi há um ano e meio.

O sr. acha que a batida da bossa teve influência direta de gente como Chet Baker?
Ah, isso aí tem muita gente. Posso dizer, até mesmo, de onde vêm aqueles acordes que o João Gilberto faz. Do Barney Kessel, um disco que mais marcou aqui no Brasil, no tempo em que a Musidisc começou a lançar disco estrangeiro foi o disco do Barney Kessel com a Julie London. Se você escutar, vai saber exatamente de onde veio. Ih, olha aqui! Ninguém sabe disso. Mas eu escutava os dois. Barney Kessel fazendo os acordes, aquele tipo de harmonização, e a partir daí teve muita gente que foi nessa, e às vezes nem sabem de onde vem.

Quem É Quem
Conheça abaixo quem são os músicos e artistas citados por Eumir Deodato em sua entrevista:

STAN GETZ: Stanley Gayetzky, o Stan Getz, era um saxofonista da Filadélfia que gravou o disco Getz-Gilberto, um dos mais conhecidos da bossa nova. Morreu em 1991.

HERBIE MANN: Flautista que morreu em 2003, de câncer, foi parceiro de Tom Jobim e de Baden Powell. Seu jeito suave de tocar o tornou sempre associado à bossa.

BARNEY KESSEL: Guitarrista de Oklahoma, seguidor de Charlie Christian, morreu em 2004.

JULIE LONDON: Atriz e cantora americana, atuou com Gary Cooper e outros astros. Morreu em 2000.

RAY GILBERT: Letrista que trabalhou com artistas da bossa nova, ganhou um Oscar com a canção Zip-a-Dee-Doo-Dah, do filme Song of the South, de 1947.

MOACIR SANTOS: Arranjador, compositor, maestro e multiinstrumentista, nasceu em Serra Talhada, em Pernambuco, em 1924, e morreu na Califórnia, em 2006.

Jotabê Medeiros - 21/09/2008 - extraído do jornal Estadão
Para mais informação, visite o site do Eumir Deodato

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Eumir DeodatoBrazilian-born Eumir Deodato has racked up 16 platinum records to his credit as artist, arranger or producer with combined sales of well over 25 million records in the USA alone. His discography, including compilations and all his work as arranger, producer and keyboardist, surpasses 450 albums. He has also had the honor of performing with the St. Louis Symphony (which backed him on his superb Artistry album), the Cincinnati Symphony, the New York Philharmonic and the Orchestra di Musica Leggera dell'Unione Musicisti di Roma. In addition, several artists over the years have covered his songs, including George Benson, Lee Ritenour, Sarah Vaughan and The Emotions to mention just a few.

And yet, in spite of all of his varied triumphs, honors and distinctions over the years, the multi-talented, multi-instrumentalist will probably forever be associated with one song - his innovative rendition of Richard Strauss' classical opus “Also Sprach Zarathustra” (or more commonly known as the theme to 2001: A Space Odyssey). That single compelling song, which first appeared on his 1973 debut album for CTI “Prelude,” sold at least five million copies and earned Deodato his first Grammy Award, instantly moved him to international stardom and setting a course for his remarkable ongoing career in music. Thirty years later, that same tune has found its way into the repertoire of the jam band Phish, a testament to Deodato's enduring influence.

Born in Rio de Janeiro, Brazil, from Italian and Portuguese origin, Eumir Deodato got his start by playing the accordion at age 12. Shortly thereafter, he started studying piano as well as orchestration, arranging and conducting. Strictly self-taught, he immersed himself in theory books while spending countless evenings sitting behind orchestras and carefully observing how each part was played. His first break came at age 17 when he arranged and conducted his first recording session for a 28-piece orchestra. It wasn't long before Deodato became one of the most active and respected arrangers and pianists in Rio's busy music scene, recording for such artists as Milton Nascimento, Marcos Valle, Elis Regina and Antonio Carlos Jobim.

In 1968, Deodato moved to New York and began working with Luiz Bonfa, the legendary composer of Black Orpheus, while also doing extensive studio work for Astrud Gilberto, Walter Wanderley, Antonio Carlos Jobim, Marcos Valle and many other Brazilian artists who were living in the Big Apple at the time. When writing the arrangements for Astrud Gilberto's “Beach Samba,” he became acquainted with producer Creed Taylor, who hired him to arrange for other CTI artists like Wes Montgomery, Stanley Turrentine, George Benson, Paul Desmond and Tom Jobim. His reputation in the fields of pop and black music was strengthened by his arrangement work for Frank Sinatra (Sinatra & Co.), Roberta Flack (Killing Me Softly, Chapter Two, Quiet Fire) and Aretha Franklin (Let Me In Your Life).

Following a performance at the Hollywood Bowl with the CTI All-Stars Band in 1972, Deodato started recording his record. His debut appearance as a leader, billed as 2001 Space Concert, was held at the Madison Square Garden in New York City in 1973.

After seven years of world-wide touring (including Australia, Japan, Canada, South America, Europe) and eight coast-to-coast tours of the States, Deodato decided to concentrate on studio work once again. Besides highly successful solo albums for the CTI, MCA, Warner And Atlantic labels, his work as a producer/arranger earned him several more laurels. One of his first productions was Kool & The Gang's #1 pop single Celebration. He followed that success with production or arranging work for Earth, Wind & Fire, Michael Franks, Gwen Guthrie, Chuck Mangione, Breakfast Club, The Dazz Band, One Way, Con-Funk-Shun, Kleeer, Pretty Poison, Kevin Rowland (Dexy's Midnight Runners), White Lion and Brenda K. Starr, for whom he produced the pop hit I Still Believe in 1987. Deodato also had three other multi-platinum albums for Kool & The Gang's Ladies' Night, Something Special and As One.

In the 90's, Deodato continued to be a vital force on the pop scene through his work with Icelandic singer Bjork. In addition to arranging her last three albums: 1995's Post, 1996's Telegram and 1997's Homogenic, Deodato produced a highly praised acoustic version of Bjork's “Isobel,” sub-titled Deodato Mix, which became a club scene favorite. He has also produced material for French singer Clementine (also touring Japan with her as a special guest in 1994), arranged and produced a top 10 single for Brazilian singer Gal Costa (1996) and has performed as guest conductor with Bjork both in Brazil (1996), and in the States at the Tibetan Freedom Concerts at Downing Stadium (1997). In 1998, Deodato arranged for Brazilian pop acts Titans (Vol. II, with sales over 500,000 copies) and Carlinhos Brown (Omelete Man) as well as for the latest album by pop-rock band Penelope Charmosa (released in 1999). He was also special guest on a project by Japanese pop star Akemi Kakihara, recorded in London during the summer of 1998. In 1999, he scored Bossa Nova, a Bruno Barreto film starring Amy Irving, and the following year produced the CD of that score for Verve Records. His most recent projects including production work for French rock singer Damien Saez, Brazilian-Japanese singer Lisa Ono and for jazz singer Ann Hampton Callaway.

Deodato has also worked on several movie scores, including The Onion Field, The Black Pearl, Ghostbusters II, White Nights, The Girl From Ipanema, The Adventurers (recorded with A.C. Jobim and the London Symphony Orchestra), The Gentle Rain, Target Risk, The Reporter, Beat Street, Body Rock and Bossa Nova. His recordings have also been widely used on major movies such as Being There and The Exorcist.

In November 2001, Deodato participated in a benefit concert in New York City where he played only 1 song (Also Sprach Zarathustra: 2001). The reaction was so fantastic he got encouraged to go back doing concerts. By 2002 he lined up a few selected presentations, starting with a concert at the Vienna Opera House, as part of the Vienna Summer Jazz Festival. That was followed by Villach (Austria), Pori (Finland), The Hague (North Sea Jazz Festival), and many others that followed, like Capetown (South Africa), Rome and Rimini (Italy), Amenia, NY (World Peace Organization), Antigua, Guatemala etc.

Meanwhile, in 2002 he worked with Milton Nascimento in Rio de Janeiro, which generated a Latin Grammy for the song Tristesse as best Brazilian song of the year, then miscellaneous work with different artists, including Barbara Mendes, Ana Carolina, Fernanda Abreu and more recently, KD Lang for her record released in 2004.

In 2007 Brazilian Record company “Biscoito Fino”, releases the “Deodato Trio in Rio” CD and DVD (end of month), filmed and recorded at the Sala Cecilia Meirelles in Rio last Summer, featuring Marcelo Mariano on Bass and Renato Massa on Drums. It also includes performances of some of the most memorable Antonio Carlos Jobim's songs and also comemorates his postumous anniversary. Verve has also released “Do It Again.”

Extracted from AllAboutJazz.com
For more info, visit Eumir Deodato's site
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